sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Maquiavel era mesmo maquiavélico?, artigo de Renato Janine Ribeiro

Persiste até hoje o falso entendimento do pensador que arrancou máscaras e desnudou relações de poder entre os homens


Renato Janine Ribeiro é professor de Ética na USP e autor de “O Afeto Autoritário - Televisão, Ética, Democracia”. Artigo publicado em “O Estado de SP”:

Mudou por completo, ao longo do século 20, a imagem que se tinha de Maquiavel. Ou melhor, mudou a imagem dele para os seus estudiosos, não para o público em geral.

Desde que ele escreveu O Príncipe, em 1513 (livro que começou a circular em manuscrito ou resumos antes mesmo de ser impresso, o que só ocorreu em 1532), sua fama foi péssima.

Assim, numa peça de Christopher Marlowe, O Judeu de Malta (1589), aparece um certo italiano de nome Machevill: um trocadilho bem inglês entre o nome de Maquiavel e 'evil', mal.

Lembrando que o 'Mac' indica uma origem de família, poderíamos traduzir como Mauquiavel ou Demojúnior.

Até um rei como Frederico da Prússia, não exatamente um homem de bem em política externa, escreveu um Anti-Maquiavel, em meados do século 18, para condenar nosso filósofo em nome da moral e do bom governo.

Maquiavel foi assim, se me perdoam a expressão, o maior saco de pancadas da história da filosofia política. E disputa com Platão a condição de filósofo que gerou o maior uso de seu nome na forma adjetiva.

Assim como se fala em 'amor platônico', também se diz que alguém é maquiavélico - o que constitui um insulto sério. Ainda se atribui a ele uma frase que nunca escreveu, 'Os fins justificam os meios'.

O que ocasionou essa imagem? É que Maquiavel representa, melhor que ninguém, o rompimento com um modo medieval de ver a política como extensão da moral.

O 'bom rei' era um rei que seria bom, isto é, o rei eficaz era o rei que fazia o bem. Suas virtudes eram as de um chefe qualquer.

Ora, o que Maquiavel mostra é que os príncipes bem-sucedidos, fosse em seu mundo particularmente belicoso, dos pequenos Estados italianos em guerra entre si, fosse no passado medieval, raramente seguiam a moral convencional e cristã.

Ele arranca máscaras. Mostra como de fato agiam, agem e devem agir os que desejam conquistar o poder ou simplesmente mantê-lo.

Isso é insuportável para os bem-pensantes. Acaba com a justificação religiosa para o poder político. Exibe a nudez das relações de poder entre os homens.

Mas, ao contrário do que seus inimigos vão dizer, essas relações não são de mera força.

A política é muito complicada, e há personagens que tiveram sucesso e glória, como o rei Fernando de Aragão, outros que tiveram sucesso mas não glória, como Agátocles, e ainda quem teve glória mas não sucesso, como César Borgia.

Essa sutileza escapa aos acusadores de Maquiavel - e é ela que mostra que a política não é apenas o contrário da ética.

Quando começa a mudar a imagem de Maquiavel? Penso que o grande sinal da alteração está num livro de Max Weber, Ciência e Política: Duas Vocações, que data de 1919.

O grande sociólogo alemão distingue uma ética que se pauta pelos fins e outra que se pauta pelos valores.

Os políticos, diz ele, têm uma responsabilidade que se mede pelas conseqüências de seus atos. Já os cientistas seguem outra ética. Seu compromisso é com a verdade.

O interessante na distinção de Weber é que ele não opõe ética e política – mas descreve duas éticas.

Ou seja, a política passa a ser uma ética. É talvez a primeira vez – desde Maquiavel – que a política se constitui explicitamente como uma ética, mas preservando seus traços próprios.

Porque mesmo hoje em dia, quando se fala em 'política ética', tende-se a renegar suas características essenciais e a convertê-la em apêndice da religião cristã. Com Weber, não.

O que era negativo na política - sua relativização dos valores morais, sua preocupação com os fins que, se não chegam a justificar os meios, pelo menos pesam tanto quanto estes – passa a ser visto como sua própria natureza.

Weber cita Maquiavel duas ou três vezes nesse livro - e uma delas para dizer que O Príncipe, comparado com uma obra antiga da literatura hindu, o Artashastra de Kautilya, é 'um livro inofensivo'. Mas os ecos do pensador florentino em Weber são visíveis.

A política pode agora ser vista como um reino em que as aparências contam, melhor dizendo, em que as aparências são constantemente produzidas, portanto, como um reino que não é da verdade.

Contudo, mesmo assim, é um reino que produz um certo bem, o bem coletivo. Weber, aliás, cita elogiosamente uma passagem em que Maquiavel louva os florentinos que preferiram a salvação da cidade à salvação da própria alma.

O que assim acontece na recepção culta de Maquiavel, nos últimos cem anos, é que ele passa a ser visto como o pensador de uma ação política que não é mais uma ética com sinal negativo, ou uma ética com deságio.

É uma ética própria, diz-nos Isaiah Berlin, uma ética que se opõe à cristã mas nem por isso deixa de ser ética (pagã, segundo Berlin). Merleau-Ponty até radicaliza: não há ética digna de seu nome a não ser a que se preocupa com as conseqüências dos atos, isto é, a ética que Weber chama da responsabilidade - e que é a maquiaveliana.

E se dá maior atenção ao caráter republicano de Maquiavel. Afinal, ele foi ministro da república de Florença e escreveu um longo tratado em defesa desse regime.

É o que leva autores como o inglês Quentin Skinner, o francês Claude Lefort e o brasileiro Newton Bignotto a ressaltarem sua preocupação com o regime do bem comum, da coisa pública, a res publica.

Qual o problema, então? É que essa percepção culta não sai dos muros da academia. Cada vez que um de nós, professor, dá aula sobre Maquiavel tem que dizer o que afirmei acima: que Maquiavel não é maquiavélico.

De vez em quando, recebo algum e-mail me perguntando se ele disse mesmo que 'os fins justificam os meios' e, se não disse, de quem são essas palavras (não sei).

Em suma, não basta provarmos que Maquiavel não é o personagem da sua lenda. Faz-se preciso entender, senão por que essa legenda surgiu, mais precisamente por que ela continua viva e forte.

Esse é um aspecto importante do grande problema que nosso tempo tem com a política.

Por um lado, nunca houve tanta democracia: liberdade de expressão, de organização, de voto, no plano político; no plano pessoal, liberdade para escolher o parceiro, adotar a orientação sexual, procurar o emprego preferido.

Essas conquistas não são plenas e precisam ser ampliadas, mas já se deu a partida nesse processo.

Por outro lado, porém, há uma desconfiança enorme - e mundial - em face dos políticos, daqueles mesmos políticos que elegemos. Nem Bush nem Blair têm a confiança da maior parte de seus cidadãos.

A corrupção, que alguns dizem ser fenômeno de Terceiro Mundo ou do Brasil, está arraigada nos países mais ricos. Esse é o lado maquiavélico da política, que faz tantas pessoas desconfiarem dela.

O estranho é que os próprios eleitores não se sentem responsáveis por seus eleitos, porque tendem a pensar que a representação os trai.

Não será isso tudo curioso? Maquiavel foi republicano, e nosso mundo vive a extensão das liberdades republicanas e democráticas.

Mas, com O Príncipe, Maquiavel abriu espaço para a figura do maquiavélico – e aos olhos de muitos, talvez da maior parte, é esse personagem que povoa o poder.

Será que a política não cumpriu ainda suas promessas republicanas e democráticas?

Ou será que temos dificuldade em aceitar que política não é utopia, que nossa humanidade não é perfeita, e a política é o que nos mostra este espelho em que não queremos nos reconhecer?
(O Estado de SP, 1º/7)

Nicolau Maquiável

Ciência Política

"A desgraça dos que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam"

Francisco Weffort

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CASE

“Uma empresa prestadora de serviços pode sair ganhando ao executar um serviço com qualidade
consistentemente superior à da concorrência e superar as expectativas dos clientes. As expectativas são formadas
pelas experiências anteriores dos clientes, pela boca-a-boca e pela propaganda. Depois de receber o serviço, os
clientes confrontam o serviço percebido com o serviço esperado. Se o serviço percebido não atender às expectativas
do serviço esperado, os clientes perderão o interesse pelo fornecedor. Se o serviço percebido atender às
expectativas ou for além do que se esperava, os clientes ficarão inclinados a recorrer novamente ao fornecedor.”
(Kotler, 2000, pg.459).

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PQP!

Pesquisa americana diz que o uso de palavrões no trabalho pode diminuir chances de promoção. Nível de tolerância varia segundo segmento de cada empresa

Maíra Amorim

Quem fala palavrão no dia a dia de trabalho pode ser preterido na hora da promoção. É o que mostra pesquisa feita pelo site americano CareerBuilder. O estudo, que ouviu mais de dois mil gerentes de RH e 3.800 trabalhadores, indica que 64% dos gestores analisam negativamente um empregado que use termos chulos com frequência, enquanto 57% disseram ser menos propensos a promover essa pessoa. Descontadas as diferenças culturais entre Brasil e Estados Unidos, especialistas confirmam que, aqui também, o palavrão, especialmente quando não é usado com moderação, pode ser prejudicial à imagem profissional. Principalmente em empresas grandes e com estruturas hierárquicas mais formais. - Nos Estados Unidos, é possível notar que esse tipo de linguajar é evitado por questão de respeito, o que está associado ainda à cultura jurídica do país, muito rígido quanto a temas como o assédio moral - afirma Jorge Martins, consultor de Recrutamento da Robert Half, ao fazera comparação. - Já no Brasil, o repúdio a esse tipo de comportamento tem mais a ver com o conservadorismo, que ainda predomina nas empresas grandes. 'LATINO mistura espaços de casa E trabalho' Martins diz, ainda, que, por aqui, e nos países latinos de maneira geral, ainda existe uma grande confusão entre o ambiente corporativo e o caseiro, o que pode explicar uma maior incidência de palavrões no mercado de trabalho nacional. Mas, para o especialista, o que pesa mesmo são as diferenças entre os setores, seja lá ou cá. - Em empresas como agências de publicidade ou da área de TI, as pessoas se soltam mais e o palavrão é mais comum e tolerado. Já em outras indústrias mais tradicionais, que têm uma cultura corporativa forte, a coisa funciona de forma diferente. De todo modo, é fundamental sempre saber se posicionar frente ao seu interlocutor. Ou seja: saber com quem está falando. É a regra que segue Conceição dos Santos, gerente de Departamento Pessoal de uma empresa de bebidas. Na sala que compartilha com cinco colegas, com quem tem intimidade, às vezes fala um palavrão, sem temer represálias. - Afinal, ninguém é de ferro. Mas, quando preciso atender ao público externo ou conversar com um coordenador de outra área, evito. Tem que falar com as pessoas certas - acredita Conceição, que também faz uma diferenciação entre diferentes tipos de palavrão. - Nunca xingo ninguém ou uso um palavrão para ofender. Eu falo em momentos de estresse ou de raiva, mas sempre em tom alto, e é comigo mesma. A gerente de DP está na estatística americana dos 51% dos empregados que usam palavrão no trabalho e dos 95% que só falam na frente dos colegas, como ainda mostra a pesquisa do CareerBuilder. E, embora os números sejam altos, quando o uso é exagerado pode criar problemas. O coach e sócio da Alliance Coaching, Alexandre Rangel, relata duas situações em que o palavreado afetou a carreira de dois profissionais. A primeira foi a de um diretor de marketing, demitido por um novo vice-presidente da companhia, entre outros motivos, por causa de seu linguajar chulo e agressivo. Já em outro caso, quando fazia um coaching para um grupo de oito supervisores, uma das questões com que Rangel precisou lidar foi a falta de tolerância de um participante com a boca suja de um dos seus pares. Palavrão USADO como mecanismo de defesa - Muitas vezes, as pessoas não percebem a necessidade de mudança na maneira de agir em função do ambiente em que está. Não dá para levar o comportamento de arquibancada para o trabalho - afirma Rangel. E, embora a maioria dos funcionários admita falar palavrão no trabalho, eles próprios se incomodam quando os colegas exageram. É o que relata uma funcionária de uma empresa da área de TI, que prefere não se identificar. Recém-chegada ao escritório, já conseguiu se incomodar com o comportamento pouco amigável de um integrante da equipe. - Mas não sou só eu. Houve uma rearrumação na sala, e ninguém quis sentar ao lado dessa pessoa. Para a coach Waleska Farias, especializada em gestão de carreira e imagem, uma palavra chula, muitas vezes, é utilizada como mecanismo de defesa, por quem busca mascarar algum tipo de sentimento. E, como no trabalho, nem sempre dá para botar em prática a máxima "os incomodados que se mudem", ela sugere que, quando esse tipo de comportamento atrapalha o bom humor alheio, o ideal é tentar conversar com quem provoca a discórdia. - O primeiro passo é dizer diretamente para o "boca suja" que não gosta de palavrões. Se, ainda assim, ele não maneirar, pode ser o caso de ir falar com o chefe. A linguagem reflete o estado emocional das pessoas e a energia negativa pode acabar sendo reproduzida no entorno, o que nem sempre é bom - diz Waleska.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CDPV

 

 

 

Vendas e gestão foram tema de encontro no Rio

Evento promovido pelo Grupo CDPV reuniu 500 gestores
A alta performance das empresas foi o principal foco do VI Encontro Estadual de Vendas & Gestão, uma realização do CDPV Seminários, realizadono Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio de Janeiro, no dia 15 de agosto de 2012. O evento, com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e patrocínio do Prezunic, reuniu mais de 500 gestores de todo o país e até do Mercosul.
O encontro contou com Diego Maia - presidente do Grupo CDPV e autor do best seller Histórias dos Verdadeiros Campeões de Vendas – e de Waldez Ludwig - professor e palestrante que já falou para mais de 500 mil pessoas – e que divertiu a plateia com sua palestra, destacando as ferramentas e estratégias para alcançar os melhores resultados no mundo corporativo. 
Hotel Urbano, Brasil Brokers, Zamboni Distribuidora, Carta Fabril, Radix Engenharia e Alterdata Software, - que juntas faturam quase R$ 3 bilhões por ano –, marcaram presença fazendo apresentações chamadas de “15 minutos de inspiração”, revelando suas trajetórias bem sucedidas, através de práticas e desafios que valorizam o trabalho em equipe, talento, parceria, inovação, comprometimento. Seus representantes, presidentes, vice-presidentes e diretores, comandam empresas líderes em seus segmentos. 
VI Encontro Estadual de Vendas & Gestão apresentou o diagnósticodo setor de vendas do Rio através de três pesquisas de mercado elaboradas pelo CDPV Inteligência de Mercado
“Este encontro é uma oportunidade singular para a troca de ideias com o objetivo de alavancar as vendas e melhorar os resultados dos negócios, além de expandir nossas redes de contatos. Depois de cinco edições passadas, aperfeiçoando o encontro, podemos dizer que essa edição foi a mais completa.”, afirma Diego Maia, cuja palestra foi vendas de alta performance.

O Grupo CDPV e o fundador Diego Maia
Um dos maiores especialistas em vendas e gestão do país, Diego Maia comanda um grupo de quatro empresas no Rio de Janeiro: Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas (CDPV)RH VendasV3 Agência e OGNI (Centro de Desenvolvimento Empresarial). O crescimento veio junto com a vontade de suprir as necessidades de seus clientes e Maia passou a atuar em todas as etapas da administração de vendas, gestão e comunicação, desde o treinamento e seleção dos vendedores até a produção de eventos e publicidade, passando pela locação de espaços para reuniões e eventos corporativos de seus clientes.
Autor dos livros Histórias dos Verdadeiros Campeões de VendasComo Formar e Treinar Equipes de Vendas e Histórias de Corretor, todos pela Editora Ferreira, Maia - que apresenta o programa Mundo Empresarial na Rádio MPB FM (90,3 RJ) - lançou o livro Como Ser um Gestor de Sucesso, primeira ação da mais nova unidade de negócios do Grupo CDPV, a CDPV Editora.
Ano que vem o Encontro de Vendas e Gestão ganha novo sobrenome e se chamará VII Encontro NACIONAL de Vendas e Gestão.
Vai perder?

(fonte: CDPV)